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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mais uma vez FUNDAC...


Hoje é sexta-feira, dia de? Fazer tudo o que não pode durante a semana, inclusive blogar!!! Após uma provinha moleza de Civil III, estou eu aqui relaxando e relembrando.
Em 2004, após fazer um curso de informática pela Fundação Bradesco, fiquei sabendo que a Fundação da Criança e do Adolescente FUNDAC, atualmente FUNASE, estava precisando de professores para realizar diversas atividades e fazer valer o objetivo da instituição que é o de ressocializar e lá fui eu entregar meu currículo para ser professora de informática de jovens que cumpria mediada socioeducativa de semi-liberdade e Internação.
Ô tarefinha difícil... A maioria deles não eram letrados e tínhamos que fazer um trabalho de inclusão digital. Para muitos aquilo ali era a "grande novidade", alguns nunca tinham tocado em um computador, para outros era o momento de sair um pouco da suas tristes realidades e se entreter.
O projeto de ressocialização incluía também aulas de dança, música e percussão, literatura que conjuntas, amenizavam o clima de angústia, dor e revolta. Em meio a estas atividades, lembro que meus alunos, que também participavam das outras aulas, com o auxílio da professora de Percussão Michele, viajaram para Olinda no intuito de mostrar o resultado das aulas de música. O grupo de Maracatu Canbinda Nova desfilou durante a semana pré-carnavalesca de 2004 pelas ladeiras olindenses e como eu sempre fui filha de Deus, fui atrás do baque virado daqueles meninos. Foi um dia muito divertido, inclusive no momento em que alguns foram ver o mar pela primeira vez.
Realizei este trabalho por dois anos. Pude conviver com histórias de vida terrívelmente abaladas pela miséria e pela criminalidade e na medida do possível desenvolvi um bom trabalho. Foi um desafio enorme, pois trabalhava lá pela manhã, tarde e noite em Caetés. Encerrei minhas atividades no momento em que eu passei no concurso público da Prefeitura de Garanhuns e fui chamada para assumir o cargo.
Aqui encerra um ciclo profissional da minha vida marcado por contratos, mini-contratos, estágios e trabalhos voluntários e começa um ciclo onde torne-me servidora pública, tudo o que eu mais queria até então.

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Fundação da Criança e do Adolescente-FUNDAC


Quando se fala em trabalho nos centros de atendimento a crianças e adolescentes infratores, na visão geral da sociedade, é inevitável a associação da imagem de advogados, policiais, psicólogos e são poucos os que sabem que professores exercem atividades importantes nestas instituições.
Concomitantemente as atividades na escola em Caetés, em 2002, realizei um trabalho junto à FUNDAC como educadora social da medida socioeducativa de Liberdade Assistida prevista no artigo 112, inciso IV do Estatuto da Criança e do Adolescente. Este trabalho consiste em acompanhar adolescentes que cometeram ato infracional que por progressão de medida ou até mesmo como proteção precisam ser assistidos por um profissional que acompanhe o seu dia-a-dia e o auxilie no convívio familiar, na escola e oriente-o a construir um novo projeto de vida. Acredito que seja a Medida Socioeducativa mais importante, pois com investimento necessário, este trabalho evita que muitos jovens trilhem o caminho da marginalidade não necessitando portanto, do atendimento destes centros de recuperação, mas como no nosso país investimento em educação e assistência social não acontece efetivamente (estou tentando não perder a elegância!!!) a L.A. dependia e acredito que ainda depende da visão de pessoas que se comprometem a fazer o seu trabalho bem feito. A princípio a FUNDAC respondia por esta medida e depois a Prefeitura de Garanhuns assumiu o compromisso, isso claro, com muita luta de pessoas como D. Eluziane, D. Mirtes e tantas outras que não me recordo. (isso é péssimo: desprestigiar figuras importantes, mas se a memória não fosse falha não estaria escrevendo agora!)
Éramos uma turma grande, na maioria amigos de faculdade que topamos o desafio trabalhando por muito tempo sem receber a bolsa-auxílio, o que comprometia seriamente o trabalho, mas a experiência que ganhei não tem preço. Foi por conta deste trabalho que tive o primeiro contato com a Justiça e um dia em conversa com a amiga Viviane Rocha confessamos o desejo de fazer o curso de Direito e olha eu aqui já no IV período! Também não poderia deixar de falar da minha amiga Flávia Maria que não está mais conosco. Ela era uma das pessoas mais dedicadas da L.A. e fazia o trabalho com muito amor.
Passei aproximadamente dois anos e acompanhei alguns jovens que em sua maioria não tiveram finais felizes. Foi muito triste e chocante, em alguns momentos, está em contato com um universo de total carência de coisas básicas da vida como: se alimentar, ter apoio familiar, poder sorrir... e era nestes exatos momentos que eu percebia o quanto era feliz. Dedico este momento de reflexão e recordação a minha amiga Flávia que descobriu muito cedo o que era a felicidade, talvez por saber que não tinha muito tempo por aqui...

domingo, 21 de agosto de 2011

Ponto Alegre 2


Equipe de Professores e Alunos da Escola General Costa e Silva





Ponto Alegre Caetés-PE


Sempre achei lindo o nome deste lugar e realmente eu fui muito feliz ali. Em meados de 2006 meu irmão Alexandre foi ensinar na Escola General Costa e Silva (espero que o nome da escola seja esse, pois não consigo lembrar-me destes detalhes... sei que é o nome de um ex-presidente militar, acho que é por isso que eu resolvi esquecer!!KKKKK), viu logo de cara que não queria ser professor e como eu estava trabalhando no município era uma "queimação de filme" pedir um emprego para meu irmão, ele abandonar e eu não fazer nada, então resolvi assumir também as aulas no período da tarde na zona rural de Caetés.
A equipe de professores era maravilhosa e logo me entrosei com todos, desde a merendeira até a direção de Carme Lúcia. Os alunos eram excelentes e o meu tratamento ali era VIP. O carinho era transmitido em forma de abraços, cartinhas, e presentes diversos como um bom pedaço de queijo coalho, macaxeira, feijão de corda... mainha agradecia por tabela. Mas o motivo de serem excelente não era só por isso: a grande maioria eram filhos e filhas de agricultores que precisavam ajudar os pais para sobreviver, mas conciliavam as atividades da roça com a escola e aproveitavam (na medida do possível) o que aquela pequenina instituição tinha a oferecer. Muitos eram revoltados com a condição de vida que tinham, queriam sair dali, outros eram passivos e outros tantos tinham aquele brilho nos olhos que somente o professor sabe traduzir. Pessoas muito especias pra mim! Quanto aos colegas de trabalho, sinto muita saudades dos papos com Nêga, Giselda, Ivoneide, Cris e Carmem. Era mais chegada a elas e nem sei quantas vezes me ajudaram oferecendo apoio, atenção e até a própria casa para eu poder ficar um tempinho até começar as aulas da noite. Não esqueço dos bolos de noiva de Giselda, da NOIVA Ivoneide, dos bifes deliciosos e conselhos magníficos de Nega, do carinho de Carmem e da meiguice de Ana Cristina.
Passei um ano e alguns meses lá, tempo suficiente para realizar um sonho que se transformou em dois: passei no concurso da Prefeitura de Garanhuns e do Governo do Estado de Pernambuco e fui chamada! Eu estava em estado de graça e quando comuniquei a minha saída da escola foi muito triste. Na verdade foi uma misto de alegria e tristeza pra mim, pois no último dia de aula eu ganhei uma surpresa tão grande que chorei por mais de uma hora sem parar. Todos os alunos se reuniram fora da escola com um carro de mensagens, flores, abraços e lágrimas mas quero terminar este texto com um "Ponto Alegre".

Projeto A África está em nós em Caetés - PE








Este foi o primeiro grande projeto que desenvolvi. Ele contou com a participação e a grande ajuda dos meu colegas de trabalho.

A ÁFRICA ESTÁ EM NÓS

Caetés, 04 de outubro de 2006
Colégio Municipal Monsenhor José de Anchieta Callou
Área: Ciências Humanas
Disciplina: História
Professora: Ana Carolina Souza Cavalcanti

APRESENTAÇÃO

A História e a cultura afro-brasileira tornaram-se tema de vários debates atuais a cerca da educação e da difusão dos valores que primam pela inclusão e pela valorização do negro em nossa sociedade. O assunto saiu dos antigos livros de História, onde o povo africano era diretamente relacionado ao tema escravidão, e ocupa hoje vários livros, revistas, jornais, programas de televisão e principalmente os debates entre a comunidade escolar, virando lei a partir do dia nove de janeiro de dois mil e três, obrigando o trabalho do tema em sala de aula.
No intuito de semear e abranger mais a discussão sobre a importância do povo africano para a formação social, econômica e cultural do Brasil, bem como analisar a questão da valorização da etnia e da identificação dos educandos do Colégio Monsenhor José de Anchieta Callou desenvolveu-se o presente projeto que visa movimentar o espaço escolar do colégio com exposições, apresentações artísticas e discussões a respeito do tema na semana que antecede o dia da consciência negra, vinte de novembro.

JUSTIFICATIVA

Visando conhecer e difundir a história e cultura afro-brasileira, bem como fazer valer a lei 10.659 de 09 de janeiro de 2003 que determina que professores da área de História, Arte e Religião trabalhem em suas aulas a temática, é que se construiu a idéia de comemorar o dia da Consciência Negra, 20 de novembro, no Colégio Monsenhor José de Anchieta Callou com exposições e apresentações artísticas que possibilitem a identificação, a discussão e o respeito a todas as expressões culturais afro-brasileiras.
Compreendendo a tamanha importância de se trabalhar com o tema devido ao “mascaramento” do preconceito racial e da negação da cultura afro no Brasil, o projeto “A África está em nós” possui também como proposta a divulgação nos meios de comunicação da cidade de Caetés (rádio e jornais periódicos) do trabalho que será realizado pelo alunado do colégio efetivando assim a relação escola-comunidade que será convidada a participar da culminância do projeto bem como todas as instituições de ensino do município.

METODOLOGIA

No intuito da diversificação cultural e da disseminação do debate a respeito da história e cultura afro-brasileira construiu-se o projeto “A África está em nós” que será estruturado em discussões prévias sobre o tema nas aulas de História das 8ª séries do Ensino Fundamental e no curso de Normal Médio, constituindo a primeira etapa do trabalho.
Na segunda etapa os alunos serão convidados a se dividirem em grupos para trabalharem as seguintes temáticas: “a cultura afro-brasileira”, O negro e a mídia”, “A escravidão de ontem e de hoje”.
A culminância do projeto contará com a apresentação, em formato de exposição, das produções, que serão fruto do trabalho de cada grupo com a orientação do professor e com uma festividade que divulgará grupos folclóricos da cultura Afro de nossa região.

OBJETIVOS:
GERAL:
Conhecer, valorizar e identificar-se com a história e a cultura afro-brasileira promovendo debates que possibilitem o respeito à pluralidade cultural, a negação ao preconceito racial e a tolerância com a diversidade.

ESPECÍFICO:
• Conhecer um pouco da História da África;
• Analisar o choque cultural entre os povos africanos e os colonizadores europeus;
• Estudar o processo de escravização ao qual o povo africano foi submetido, sustentado pela idéia de superioridade racial do branco europeu;
• Compreender a formação étnica brasileira a partir da chegada do povo africano;
• Valorizar e conhecer a cultura afro-brasileira;
• Analisar o tratamento da mídia à cultura afro-brasileira;
• Promover o respeito e a tolerância a diversidade cultural dos povos.

Colégio Monsenhor José de Anchieta Callou, Caetés-PE


Estou gostando muito desta nova atividade: blogueira!! E aproveitando a empolgação vou relembrar os tempos em que eu pegava o ônibus da Prefeitura de Caetés todos os dias na porta de casa para trabalhar.
Em 2002, formada e entrando no curso de especialização, pedi demissão do Educandário Santa Terezinha e por indicação do amigo Suétene Rocha fui convidada para trabalhar nesta escola que era enorme, quase 1.500 alunos se não me falha a memória. Era um momento de muita incerteza, sem emprego fixo, nenhum concurso à vista, mas a esperança tinha nome Luiz Inácio Lula da Silva! Era ano de eleição e minha vida já estava em plena mudança: Fui ao Fórum Social Mundial no RS, voltei militante do PT e namorando com o meu hoje marido. Foi um ano decisivo.
Voltando a Caetés, iniciei meu trabalho com algumas turmas de 5ª a 8ª série do ensino fundamental, ensinando História e Geografia. Era maravilhosa a sensação de ter um contracheque e receber salário certinho todo mês e fui me apegando cada vez mais a este emprego. Os pontos negativos eram muitos, mas não falarei de politicagens e mau caratismo aqui, então o bom mesmo era está em contato com uma turma de jovens da zona rural que procurava naquela escola o remédio para suas vidas permeadas de sofrimento. As melhores recordações são todas dos meus ex-alunos que sempre me trataram com muito carinho e respeito e acredito que nunca encontrei isso em nenhum outro lugar. Pensava: eles estão indo cada vez menos pra São Paulo atrás de oportunidades, pois tem esperanças de encontra-las aqui e eu era um dos muitos canais. Sentia-me grata. Passei cinco anos da minha vida me dedicando a este trabalho, com medo de perdê-lo e sonhando em fazer e passar num concurso público.
A cada ano minha carga horária aumentava e tinha dias que eu chegava as 13 e saia as 22 horas. Desenvolvi muitos projetos e o mais marcante foi a Semana da Consciência Negra, a África está em nós, onde todo o Ensino Médio e o curso de Normal Médio expuseram trabalhos de pesquisa e cultura para toda a comunidade, culminando com palestras e uma grande festa na quadra esportiva da escola. Foi ali, aos "tranco e barrancos" que aprendi a importância de ser professora, a conviver com muitas pessoas que fazem um verdadeiro (de)serviço na educação deste país e que em meio a todas estas dificuldades muitos alunos conseguiram melhorar suas vidas, entrando na faculdade e se destacando através da educação oferecida naquela escola por alguns poucos profissionais comprometidos e que merecem todo o respeito e carinho. São várias lembranças que não cabem em um só post. Até breve!
P.S. Coloquei uma foto da internet, pois queria mostrar a frente da Escola. Depois coloco minhas fotos.

sábado, 20 de agosto de 2011

Recordações do Educandário Santa Terezinha



Festa Junina no Salão da AABB - Rita, Cris, Elizangela, Sandreane, eu e Sandrinha













Essas imagens são de momentos muito felizes: Festinhas de São João, Carnaval, passeios e confraternizações com alunos e colegas de trabalho. Detalhe: nesta época eu nem sonhava em ter uma câmera digital, todas as fotos foram pesquisadas e digitalizadas.

Agora vai...


Um ano, dois meses e cinco dias depois resolvi voltar ao blog e (re)começar a minha ideia de registrar os meus anos de magistério, principalmente agora que resolvi seguir outra profissão, pedi licença de todos os meu vínculos, Governo do Estado de Pernambuco e Prefeitura de Garanhuns para seguir os caminhos jurídicos.
A decisão foi difícil, mas já estava infeliz com minha profissão e para não contaminar a minha vida e a vida de nenhum aluno com amargura e descrença na educação segui o conselho do grande pensador Capitão Nascimento e pedi pra sair!!! rsrsrsr
Quero postar hoje o meu segundo emprego como professora na cidade de Garanhuns. Ainda na faculdade, no ano 2000, com as dificuldades de uma jovem do interior sem grana, fui convidada para trabalhar no Educandário Santa Terezinha, uma escola de pequeno porte que oferecia pré-escola e primeiras séries do ensino fundamental. Ficava a poucos metros da minha casa e foi lá que eu aprendi que esta modalidade de ensino é a mais importante da vida de um aluno. Eu não tinha feito o antigo magistério, fiz o extinto científico, que hoje é chamado de Ensino Médio no Colégio Diocesano de Garanhuns e o único contato com a pedagogia eram as disciplinas de prática de ensino e didática do curso de História.
Foi um período difícil, pois nunca tive a arte de lidar com os pequenos, mas ao mesmo tempo foi lindo vê-los crescer e aprender cada palavrinha que eu ensinava. Minha primeira turma foi o Jardim II, depois foi a Alfabetização e encerrei na 1ª série. Foram exatos dois anos e três meses. A falta de estrutura do lugar e organização administrativa também dificultaram muito a minha vida e a das colegas inesquecíveis: Sandrinha, Sandreane, Rita 1 e Rita 2, Cristiane, Joelma, Elizângela. Apesar dos pesares também gostava de trabalhar com as diretoras e hoje compreendo que as dificuldades financeiras que a escola enfrentava não era somente por culpa delas. Quanto aos alunos, tomo um susto quando vejo que já são moças e rapazes que estão prestes a entrar na faculdade e como ficaram lindos! A lição que fica: Por mais dificuldades que possa surgir, dê sempre o seu melhor, se não pareceu pra alguém que eu estava dando tudo que eu podia, tenho consciência que eu tentei e tenho ótimas lembranças.
Até a Próxima!