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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

SESC - Garanhuns















A Cereja do Bolo

Já falei das minhas duas grandes conquistas no ano de 2006, mas faltou a terceira!!!!!!! Em setembro fiz uma seleção para ser professora de História da Educação de Jovens e Adultos do SESC - Garanhuns e conquistei a vaga me tornando funcionária e dando pulos de alegria, pois finalmente eu iria trabalhar num ambiente com uma ótima estrutura, sendo bem remunerada e fazendo parte de uma mega empresa.
A EJA funcionava para alunos que queriam fazer o Ensino Médio em um ano e meio, com um projeto de sucesso elaborado pelo SESC nacional com o intuito de oferecer uma educação eficiente e diferenciada do que era ofertado na escola pública. A equipe de professores era pequena, mas todos nós fazíamos parte de um grande grupo de funcionários ligados a área de cultura, lazer e esporte. Era um professor por disciplina e éramos sempre convidados a trabalhar de uma forma criativa, estimulante e o melhor, com todo o suporte técnico. Isso facilitou muito o meu trabalho e me fez sentir prazer em trabalhar na educação. O que mais me chamou a atenção nesta experiência é que todos os professores se reuniam uma vez por semana para planejar e isso criava um vínculo entre eles e a empresa, coisa que não existia na escola pública e que deve ser implantado em toda rede, agora é claro, remunerando bem assim como o SESC fazia.
Saudades das festinhas e das festonas que realizávamos, dos passeios, dos alunos maravilhosos, das olimpíadas, dos companheiros de trabalho que em meio a muita reclamação, discussões e debates acabávamos sempre dando muitas gargalhadas...
Detalhe: fiquei de 2006 a 2008 trabalhando três horários e tentando conciliar minha vida pessoal nos fins-de-semana. Foi dureza, mas sempre orgulhosa das minhas conquistas! Agradeço muito a Deus por cada uma dessas experiências.



Escola Silvino Almeida de Oliveira





Um pouco de Fé

"Educação de qualidade", este slogan batido nos discursos eleitoreiros e nas propagandas dos governos municipais, estaduais e federais não passa somente de um slogan. O Brasil, um país que cresce economicamente a todo vapor, embora que em tempos de crise européia e americana, o ideal era crescer junto com ele demonstrando sua verdadeira força, escancara para o mundo sua ineficiência e seu descaso com a educação básica, demonstrando ser um país de grandes paradoxos.
Acredito que isso irá mudar pela conjuntura político-econômica que se encontra o maio país da América do Sul, mas também acredito que possivelmente só os meus bisnetos (sou tão otimista!) verão o valor que tem um professor.
Esta reflexão é só uma dos muitos sentimentos que tive quando trabalhei na Escola Silvino Almeida de Oliveira. Como falei no post anterior, iniciei meu trabalho nesta instituição em 2006, mas só em 2007 dediquei toda a carga horária do município a ela. Neste ano enxerguei o tamanho da dificuldade e por muitas vezes cheguei a me arrepender pelo que fiz, mas sabia que era tarde demais e que tinha um objetivo a cumprir com aqueles alunos.
A escola se localiza no bairro Aluizio Pinto, mas a região é conhecida como Manoel Xéu, lugar afastado da cidade que era muito conhecido por seus casos de pobreza e violência. Para chegar ao local de trabalho só tínhamos um ônibus coletivo para ir e para voltar só a pé ou em transporte particular. A prefeitura não reconhecia o local como de difícil acesso e neste momento eu poderia até dizer: “Se isso não é está na pior...” copiando um meme da internet. O local onde a escola funcionava possuía péssima estrutura física: tinha muros baixíssimos, salas de aula desconectadas do prédio, possibilitando a entrada de qualquer pessoa que não era da escola, sem segurança, entre tantos outros.
Como se não bastasse era praticamente impossível terminar uma aula sem que não arremessassem pedras no telhado que muitas vezes caíam no meio da sala, chutes nas portas, baderna generalizada realizada por um bando de desocupados que não estudavam ali e instauravam o terror ameaçando funcionários, diretora e professores que se apavoravam a cada dia que passava.
Tudo isso acontecia com a ciência da Secretaria de Educação que após várias reuniões sem sucesso, num jogo de empurra-empurra onde queriam apontar de quem era a culpa sem apontar solução alguma, demonstrou grande descaso e por isso nos reunimos (os corajosos é claro!!!) e fizemos uma queixa ao Ministério Público de Pernambuco que rapidamente obrigou a Prefeitura de Garanhuns a tomar providências a respeito dos problemas já expostos. Um verdadeiro absurdo!!!! Em 15 dias toda a escola foi reformada, guardas municipais voltaram a fazer a segurança do prédio e com nossos corações mais aliviados, voltamos às atividades com a missão de fazer daquele ato um novo começo para nós e para cada aluno que estudava ali.
Foi dentro desse contexto que elaboramos um grande projeto de arte, ciência e esportes que envolveu toda a comunidade e integrou a escola com as famílias do bairro possibilitando a construção (ou a tentativa) de uma nova perspectiva tanto para a equipe da escola quanto para os alunos e seus familiares.
Em meio a todo este problema pude construir uma amizade muito forte com as “tias” do Xéu: Kátia, Guadalupe, Sandra e Miriam e sinto muita saudade delas!!! Pessoas maravilhosas e grandes profissionais que me deram muita força ao longo daqueles anos difíceis. Sem contar na alegria e nos papos ótimos com Walber, Giba e Rodrigo, meninos de ouro.
Em 2009 deixei a escola para morar em Recife, mas com aquela sensação dever cumprido, de que não fui covarde, de que não me conformei com a situação que me foi imposta e que lutei até o limite para melhorar a minha profissão e a mim mesma. Uma experiência super válida na minha vida.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

Vitória completa!


[Confraternização dos professores 2007 Ro, Eu, Paula e Evânia)

Pra encerrar o ano de 2006 com chave de ouro fui pedida em casamento!!!!! Emoção total e felicidade completa. Um ciclo da minha vida tinha se fechado junto com aquele ano que estava acabando. Em meio a tantas alegrias nunca poderia imaginar que no último dia do ano uma pessoa muito querida iria embora: Flávia Maria!!! Que dor terrível... aos 25 anos, uma vida cheia de planos e de conquistas foi interrompida por um acidente de automóvel. A coisa mais triste foi só ter compreendido a nossa amizade após a sua morte e até hoje nunca esqueci daquela menina durona que foi amiga de faculdade e parceira no trabalho junto a FUNDAC.
Começava mais um ano e em meio a um turbilhão de emoções a ansiedade crescia por não ter sido chamada para tomar posse no concurso do Estado. O governo agora estava nas mãos de Eduardo Campos, o burburinho que rolava era que ele não chamaria mais ninguém e eu com aquela sensação de nadar, nadar e morrer na praia...
Novamente chegou o meu mês da sorte, março!!! Saiu mais uma convocação e agora eu estava na lista. Juntei os documentos, fiz um monte de exames e fui tomar posse em Recife junto com 917 convocados!!!!! No retorno a idéia fixa de conquistar uma vaga na Escola mais cobiçada do pedaço: CERU!! O endereço era pertinho da minha casa, cinco minutos a pé, a estrutura era maravilhosa e desta vez a sorte estava ao meu lado no quesito escola-boa-de-trabalhar!!!!
Sem dúvida o melhor lugar que eu já trabalhei na vida!!!!!!! Começando pela direção até a merendeira a equipe era maravilhosa. Nairlene e Célia eram super organizadas, a secretaria nem se fala!!!! A sala dos professores era um ambiente harmônico sem fofocas (raridade!!!) A estrutura física era muito boa e os alunos, apesar de serem muito levados, eram pessoas muito amorosas, observada a condição de vida que a maioria se encontrava. Eu A-M-E-I trabalhar lá e tenho muita saudade de todos.
Foi ali que aprendi que o compromisso e a ética podem modificar o caos em que está mergulhada a Educação do nosso país. Sou muito grata a Deus e a todos os colegas que convivi por excelentes dois anos.

Uma grande realização!


(Escola Jaime Luna - Imagem atual, quando trabalhei em 2006 não estava assim!! Fiquei muito surpresa e feliz)

Tirando as teias de aranha do blog começo 2012 atualizando-o e tentando terminá-lo como se estivesse fazendo uma colcha de retalhos. Como sou amante de História, gosto muito da idéia de que lá na frente possa ficar lendo e relendo este material sobre a minha trajetória como professora, sem amarguras e desilusões.
A minha batalha atual é dura: novo curso, estudos para concursos, cursinhos, e milhares de concorrentes que estão cada vez mais bem preparados para a guerra dos Concursos Públicos. Num dado momento da minha vida (não tão distante), também sonhava em ser funcionária pública só que exercendo o cargo de professora. Tinha minhas limitações, minha jornadas triplas de trabalho, mas a vontade de conquistar a estabilidade financeira e não depender dos “malditos” contratos temporários de trabalho eram maiores. Nesta época era raridade quando abriam seleções para a área de Educação e quando aparecia eu ia tentando. Reprovei uns cinco ou seis mais eis que chegou o meu dia.
No ano de 2006 aconteceram os concursos mais esperados de todos os tempos: Prefeitura Municipal de Garanhuns e Governo do Estado de Pernambuco. Não tive férias, estudei o quanto pude, fui apoiada por minha família e por Dimmitre (pilares fortes!!) e tive como concorrente praticamente TODOS os amigos!!!! Chegando o dia do resultado, finalmente constatei que eu tinha conseguido, que os esforços foram válidos e que Deus sabe o que faz – 2º lugar na Prefeitura e 4º lugar no Estado – Uma grande vitória presenteada por Deus e muito comemorada por mim.
Em março do mesmo ano fui nomeada na Prefeitura de Garanhuns e assumi aulas de História e Geografia em duas escolas: Silvino Almeida de Oliveira e Jaime Luna. Minha carga horária ficou toda a tarde e pude continuar em Caetés a noite. Eu estava tão radiante que nem passou pela minha cabeça que iria ter um dos grandes desafios da minha vida na primeira escola, mas isso é assunto para o próximo post.
A Escola Jaime Luna, naquela época, era pequena, com problemas estruturais como qualquer outra escola pública do país, mas os colegas de trabalho eram especiais e naquele momento isso me tocou profundamente por ainda não ter trabalhado num ambiente tão amistoso e civilizado, sem terrorismos e opressões. Já os alunos... O trabalho foi grande devido ao apego que tinham com a professora anterior que foi abrigada a sair para que eu pudesse assumir. Quase fui escorraçada na primeira semana de aula, mas depois tudo foi normalizado.
O que me incomodava era dividir minha carga horária em duas escolas e comecei a estudar a possibilidade de permanecer somente em uma assumindo outras disciplinas como arte e religião. Isso não poderia ocorrer na Escola Jaime Luna devido ao quadro de efetivos que estava completo, então me restou a Escola Silvino Almeida que tinha em sua grande maioria professores contratados (eu já deveria ter desconfiado aí!!) e foi assim que em 2007 eu fechei meu horário nesta escola e saí do Jaime Luna.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Mais uma vez FUNDAC...


Hoje é sexta-feira, dia de? Fazer tudo o que não pode durante a semana, inclusive blogar!!! Após uma provinha moleza de Civil III, estou eu aqui relaxando e relembrando.
Em 2004, após fazer um curso de informática pela Fundação Bradesco, fiquei sabendo que a Fundação da Criança e do Adolescente FUNDAC, atualmente FUNASE, estava precisando de professores para realizar diversas atividades e fazer valer o objetivo da instituição que é o de ressocializar e lá fui eu entregar meu currículo para ser professora de informática de jovens que cumpria mediada socioeducativa de semi-liberdade e Internação.
Ô tarefinha difícil... A maioria deles não eram letrados e tínhamos que fazer um trabalho de inclusão digital. Para muitos aquilo ali era a "grande novidade", alguns nunca tinham tocado em um computador, para outros era o momento de sair um pouco da suas tristes realidades e se entreter.
O projeto de ressocialização incluía também aulas de dança, música e percussão, literatura que conjuntas, amenizavam o clima de angústia, dor e revolta. Em meio a estas atividades, lembro que meus alunos, que também participavam das outras aulas, com o auxílio da professora de Percussão Michele, viajaram para Olinda no intuito de mostrar o resultado das aulas de música. O grupo de Maracatu Canbinda Nova desfilou durante a semana pré-carnavalesca de 2004 pelas ladeiras olindenses e como eu sempre fui filha de Deus, fui atrás do baque virado daqueles meninos. Foi um dia muito divertido, inclusive no momento em que alguns foram ver o mar pela primeira vez.
Realizei este trabalho por dois anos. Pude conviver com histórias de vida terrívelmente abaladas pela miséria e pela criminalidade e na medida do possível desenvolvi um bom trabalho. Foi um desafio enorme, pois trabalhava lá pela manhã, tarde e noite em Caetés. Encerrei minhas atividades no momento em que eu passei no concurso público da Prefeitura de Garanhuns e fui chamada para assumir o cargo.
Aqui encerra um ciclo profissional da minha vida marcado por contratos, mini-contratos, estágios e trabalhos voluntários e começa um ciclo onde torne-me servidora pública, tudo o que eu mais queria até então.