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segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Um pouco de Fé

"Educação de qualidade", este slogan batido nos discursos eleitoreiros e nas propagandas dos governos municipais, estaduais e federais não passa somente de um slogan. O Brasil, um país que cresce economicamente a todo vapor, embora que em tempos de crise européia e americana, o ideal era crescer junto com ele demonstrando sua verdadeira força, escancara para o mundo sua ineficiência e seu descaso com a educação básica, demonstrando ser um país de grandes paradoxos.
Acredito que isso irá mudar pela conjuntura político-econômica que se encontra o maio país da América do Sul, mas também acredito que possivelmente só os meus bisnetos (sou tão otimista!) verão o valor que tem um professor.
Esta reflexão é só uma dos muitos sentimentos que tive quando trabalhei na Escola Silvino Almeida de Oliveira. Como falei no post anterior, iniciei meu trabalho nesta instituição em 2006, mas só em 2007 dediquei toda a carga horária do município a ela. Neste ano enxerguei o tamanho da dificuldade e por muitas vezes cheguei a me arrepender pelo que fiz, mas sabia que era tarde demais e que tinha um objetivo a cumprir com aqueles alunos.
A escola se localiza no bairro Aluizio Pinto, mas a região é conhecida como Manoel Xéu, lugar afastado da cidade que era muito conhecido por seus casos de pobreza e violência. Para chegar ao local de trabalho só tínhamos um ônibus coletivo para ir e para voltar só a pé ou em transporte particular. A prefeitura não reconhecia o local como de difícil acesso e neste momento eu poderia até dizer: “Se isso não é está na pior...” copiando um meme da internet. O local onde a escola funcionava possuía péssima estrutura física: tinha muros baixíssimos, salas de aula desconectadas do prédio, possibilitando a entrada de qualquer pessoa que não era da escola, sem segurança, entre tantos outros.
Como se não bastasse era praticamente impossível terminar uma aula sem que não arremessassem pedras no telhado que muitas vezes caíam no meio da sala, chutes nas portas, baderna generalizada realizada por um bando de desocupados que não estudavam ali e instauravam o terror ameaçando funcionários, diretora e professores que se apavoravam a cada dia que passava.
Tudo isso acontecia com a ciência da Secretaria de Educação que após várias reuniões sem sucesso, num jogo de empurra-empurra onde queriam apontar de quem era a culpa sem apontar solução alguma, demonstrou grande descaso e por isso nos reunimos (os corajosos é claro!!!) e fizemos uma queixa ao Ministério Público de Pernambuco que rapidamente obrigou a Prefeitura de Garanhuns a tomar providências a respeito dos problemas já expostos. Um verdadeiro absurdo!!!! Em 15 dias toda a escola foi reformada, guardas municipais voltaram a fazer a segurança do prédio e com nossos corações mais aliviados, voltamos às atividades com a missão de fazer daquele ato um novo começo para nós e para cada aluno que estudava ali.
Foi dentro desse contexto que elaboramos um grande projeto de arte, ciência e esportes que envolveu toda a comunidade e integrou a escola com as famílias do bairro possibilitando a construção (ou a tentativa) de uma nova perspectiva tanto para a equipe da escola quanto para os alunos e seus familiares.
Em meio a todo este problema pude construir uma amizade muito forte com as “tias” do Xéu: Kátia, Guadalupe, Sandra e Miriam e sinto muita saudade delas!!! Pessoas maravilhosas e grandes profissionais que me deram muita força ao longo daqueles anos difíceis. Sem contar na alegria e nos papos ótimos com Walber, Giba e Rodrigo, meninos de ouro.
Em 2009 deixei a escola para morar em Recife, mas com aquela sensação dever cumprido, de que não fui covarde, de que não me conformei com a situação que me foi imposta e que lutei até o limite para melhorar a minha profissão e a mim mesma. Uma experiência super válida na minha vida.

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